amor,
olharemos as árvores de dentro de casa?
Não há nada de curioso nelas,
as raízes nascem dentro de portas,
não fora das janelas.
Quantas vezes mais,
amor,
o tapete fará de jardim?
Que há de útil nas ervas,
perguntas,
para que as estimes assim?
não há em mim e na minha afeição
mais perfeição do que num pé de jasmim?
Quantas vezes mais,
amor,
a lâmpada tomará o lugar do sol?
Não é bela a ciência oculta da eletricidade, criança?
(esperança? disseste?
não, não, criança, disse eu.
desculpa, erro meu.)
Quantas vezes mais,
amor,
quantas vezes mais,
a chuva baterá no vidro e não nos cabelos?
Que há na chuva senão água?
não pode também ela sair da torneira?
E dos olhos, de que maneira.
devia oferecer-te uma flor.
Para que quero eu uma flor?
para que servem sequer as flores?
quero antes uma casa com dois aquecedores,
e filhos pequenos
para apertar atacadores.
uma casa pequenina, sabes?
para viver com os meus amores.
Pequenina?!
e espaço para as minhas dores?
onde deitarei a minha alma chorosa?
haverá sequer espaço para plantar uma rosa?
ai rapaz!
as raízes são para a terra,
não para mim.
eu sou assim.
tente perceber,
tente.
não sou boa a cuidar de plantas,
nem tão pouco de gente.
Quantas vezes mais?
não mais, amor, não mais.
Emily Words
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