(E agora que falo nisso,
não é bonita a forma como as coisas especiais são tão vulgares no seu começo?)
Não há nada de extraordinário no início de nada -
o especial está na forma como as coisas, e as pessoas,
E especialmente as pessoas,
(Se) acontecem, sem se saberem especiais.
- aprendi recentemente que -
afinal de contas,
há tanto de especial na vulgaridade.
E por vezes, agora eu sei,
Há tanto de vulgar naquilo que achamos ser especial.
Mas isto era um texto sobre ti e
Não sobre coisas especiais.
E sim, um texto, não um poema,
que eu não sou de poesia,
sou de palavras que fogem para a linha de baixo.
Assim,
vês?
Às vezes as palavras são assim,
Vivas,
E eu deixo-as estar à vontade delas onde lhes apetece,
naquele apetecer inconstante e sempre incerto das palavras...
Como o meu.
- Como eu.
Não digas a ninguém,
Mas às vezes acho que sou mais palavras do que pessoa.
Era um texto sobre ti
E sobre a forma como te "despoesaste" em mim.
Despoesar. (des+poesar)
Verbo transitivo.
Ato ou efeito de deixar de ser poesia; desencanto; des-fascínio; palavra acabadinha de inventar.
Gosto da sensação de inventar coisas.
Como palavras.
E amores, e dores,
o que ao fim e ao cabo é tudo verso da mesma estrofe.
Mas isto não era para ser um texto-torto sobre invenções.
Era para ser um texto sobre ti.
e começou como sempre começam os dias especiais:
de forma exatamente igual aos restantes.
L.
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