Não sei esperar pacientemente, não sei construir bases sólidas nas coisas que me arrebatam, não sei, olha, não sei ser cuidadosa na forma de me entregar às coisas (às coisas, não às pessoas, note-se, outra vez) - quando é para ser, que seja tudo de uma vez, a todo o vapor em direção à adoração entusiasmada de tudo um pouco. Não, um pouco não, desculpe-me o Amadeo de Souza Cardoso, mas quando é para ser de tudo, que seja muito, excessivo, a transbordar, que que eu sou imensa na minha ânsia de querer copos cheios até cima.
Também não sei escolher, não sei preferir uma coisa em vez de outra, não sei ser nada além de tudo ao mesmo tempo, todas as opções em aberto, numa espécie de mistura alucinante de gostos contraditórios, que se multiplicam e transformam, e nunca ficam tempo suficiente para garantir uma certa coerência e estabilidade.
Não sei ser coerente na minha forma de gostar da vida. Olha, não sei, gosto de chuva com a mesma admiração infantil com que gosto de sol, e se der arco-íris, olha, tanto melhor, que sempre gosto das coisas com cor, mas hoje o preto até é a minha cor favorita de todas, pelo menos até à hora do almoço, que entretanto lá para o fim a tarde o cor-de-laranja é capaz de lhe passar à frente.
Não sei falar devagar, não sei gostar devagar, e aparentemente nem sei escrever devagar, porque as palavras têm pressa de dizer o quanto gosto de tudo ao mesmo tempo, sempre rápida, sempre urgente, para não deixar escapar nada de nada.
Não sei se gosto de o que acabei de escrever, acho que não, mas a música está alta e nem vou voltar atrás para reler. Olha, apetece-me.
Não sei ser coerente na minha forma de gostar da vida. Olha, não sei, gosto de chuva com a mesma admiração infantil com que gosto de sol, e se der arco-íris, olha, tanto melhor, que sempre gosto das coisas com cor, mas hoje o preto até é a minha cor favorita de todas, pelo menos até à hora do almoço, que entretanto lá para o fim a tarde o cor-de-laranja é capaz de lhe passar à frente.
Não sei falar devagar, não sei gostar devagar, e aparentemente nem sei escrever devagar, porque as palavras têm pressa de dizer o quanto gosto de tudo ao mesmo tempo, sempre rápida, sempre urgente, para não deixar escapar nada de nada.
Não sei se gosto de o que acabei de escrever, acho que não, mas a música está alta e nem vou voltar atrás para reler. Olha, apetece-me.
Lady Lemon.
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