Admiro quem escreve sobre a vida, quem relata factos, quem reflete sobre eles, quem escreve longos devaneios sobre a realidade das coisas reais.
Eu não o faço, ou vivo ou escrevo, ou escrevo ou vivo, nunca as duas coisas se confundem em mim; se vivo, então toda a minha energia está na arte de viver, nada mais entra na equação. Nesses dias, não escrevo. Mas quando escrevo, então aí toda a minha energia está na arte de escrever, e não vivo. Aí, quando a vontade de escrita ultrapassa a vontade de vida, preparo a minha mente como as pessoas preparam as casas para as tempestades: tapo os ouvidos com tábuas de madeira invisível para não deixar entrar coisas do lado de fora, monto diques em volta das ideias reais para que não molhem a minha vontade de coisas inexistentes, calço galochas que ninguém vê para poder patinhar nos sentimentos sem que me molhem os pés.
Já dizia o Carlão, "eu não escrevo sobre o que sinto, eu sinto o que escrevo", e há nessas palavras uma verdade muito minha. Os sentimentos - reais! note-se. - não me servem de nada, são apenas os pincéis da arte de viver, e como disse, quando me concentro em viver, não se espera que escreva.
Agora os sentimentos inventados, aqueles que não se sentem senão com a mente, ah! esses sim, são a tinta onde molho a pena para escrever.
Sim, ou vivo ou escrevo, e aqui só para nós, todos sabem que escrevo mais do que o que vivo.
Emily Words.
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